quarta-feira, 28 de março de 2012

Eu sempre detestei ser apontada como: 'a garota que vem sempre aqui'.
É como se eu estivesse no meu lugar secreto, no meu mais intimo dos lugares e alguém acende as luzes e me surpreende. Me senti contrariada porque sou obrigada a concordar, eu sempre venho aqui mesmo.
Durante o dia eu já almocei diversas vezes com meus companheiros de trabalho, mas não me parecia misterioso, e sim uma rotina indispensável afinal, eu tenho que comer todos os dias. Diferente das vezes que estou na minha sala que por dias parece uma prisão então, por raridade eu preciso fugir e meus passos me levam até aqui, as vezes invento uma desculpa de ir em outro lugar, passo em frente só para não resistir e sentar aqui. Até que chegou o dia que acabou comigo, o mesmo garçom que já me serviu várias vezes meu almoço com meus colegas, me disse: VOCÊ VEM SEMPRE AQUI. O que me surpreende é que ele me trata de forma tão diferente é como se eu fosse uma pessoa de dia acompanhada e outra  quando apareço no final do dia sempre sozinha, com uma caneta e folhas de papel em uma pasta preta, com um chope na mesa que demoro minutos para terminar, eu gosto da musica que toca, dos zumbidos que são vozes que não consigo entender, aquele silencio barulhento de alguma forma me acalma, e eu escrevo aqui, e depois chego em casa e digito tudo, gosto da minha letra, da tinta azul nas folhas em branco, elas ganham vida, é como se eu fizesse um pouco mais de esforço além do simples fato de escrever ....

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